O tempo necessário



Você já se pegou divagando naqueles bons momentos de suas férias em uma tarde turbulenta de trabalho?

Talvez, de vez em quando, se pegue lembrando do sorriso maroto do seu filho tentando lhe fazer uma surpresa? Ou, quem sabe, a letra de uma antiga canção aparece do nada em sua mente e traz com ela belas recordações, que fazem valer a pena aquele dia corrido e chato.

Bons momentos esses, não acha? Alguns minutos ou até mesmo segundos em que, somos como que tomados por uma poderosa brisa, que nos reconforta, trazendo bem-estar e um pouco de descanso para nossa mente.

Vivemos, ou melhor sobrevivemos, a rotina nossa de cada dia imbuídos da nobre tarefa de manter-nos ocupados, atentos aos nossos planos e objetivos. Temos muito o que fazer e pouco tempo.

Nessa importante ocupação, a de "correr atrás da vida", como dizem por aí, parecemos um equilibrista numa corda bamba, que ainda por cima faz malabares. O que não seria uma comparação tola, tamanho o desafio que temos diariamente.

Só você sabe onde quer e precisa chegar. Quais são seus sonhos, suas necessidades e buscas. E ninguém mais qualificado para saber o quanto é difícil para manter essa busca constante.

São muitos os desafios e imprevistos encontrados pelo caminho. Cada vez exige-se mais de nós.Toda atenção é pouca.

Parecemos mesmo um equilibrista tentando manter-se em pé diante do imprevisível da vida. E olha que às vezes essa vida balança e muito.

E, se, de repente, num descuido, cairmos? Se toda nossa busca, nossos esforços acabarem sendo frustrados? Se o imprevisto da vida falasse mais alto e encontrássemos com o chão duro da decepção?

Quem já não passou por isso na vida? Quem nunca deixou, mesmo que bem rápido, de acreditar em si mesmo e nos seus sonhos? É... a vida balança mesmo.

Na certeza disso, algumas precauções podem ser tomadas. Assim, como nosso equilibrista, que não é bobo nem nada, tem abaixo de si, antes do chão duro, uma rede de proteção; é melhor, nós, que estamos em uma situação bem parecida, pensarmos em alguma coisa que nos proteja e amenize nossa queda.
Você sabe o que seria essa rede de proteção? O que garante, em caso de nossos planos irem por água abaixo, não desanimar e buscar um restinho de força lá no fundo para continuar a caminhada?

É aquele tempo "desperdiçado" que você achava que não fazia nada de importante, nada de construtivo pela sua carreira. É o tempo gasto com os amigos, com os filhos. É a prosa à toa. As férias.

É aquela doce brisa das boas lembranças que cultivamos quando não fazemos nada de importante.
É a contemplação, a reflexão. O tempo que paramos e olhamos para a construção da nossa caminhada. Nossos acertos, aprendizados e nossas conquistas.

Percebemos e tomamos consciência do quanto crescemos e o quanto já fizemos pelos nossos ideais e objetivos. Isso nos dá força.

Você reconhece o seu valor e sabe que nada foi em vão. Assim, uma queda é só uma queda. Não determina o fim de tudo e nem fracasso nenhum.

Agora, se você nunca parou para admirar a sua construção, quando desmoronar uma parede vai ser difícil perceber que a casa inteira ainda está em pé, e, é bem possível que você desista de tudo.

E, é justamente nesses momentos, duros e amargos da vida, que necessitamos buscar dentro de nós, no nosso reservatório, boas memórias que nos garantirão o resgate da fé e de valores importantes que nos farão lembrar de que nada foi em vão.

Eles ainda servirão para clarear nossa mente não deixando que esse momento turbulento tome maiores proporções e ofusquem o sentido da nossa caminhada.

Sim, é essencial aquelas paradas para o nada, apenas para o deleite. É necessário parar e admirar a paisagem. Curtir o que vamos encontrando pelo caminho.

Gastar tempo conosco, com quem amamos, com histórias engraçadas e descobertas inúteis. São essas lembranças que nos darão conforto, sentido e força para continuar e não desistir.

Sendo assim, se proponha a costurar essa rede de segurança da sua vida. Se permita usar mais do seu tempo fazendo o que gosta e o que dá prazer. Tudo isso vão virar boas lembranças e virão a ser como água quando a vida parecer um árido deserto.

Veja com bons olhos aqueles momentos que agora podem parecer perda de tempo, mas que num futuro mais turbulento podem fazer a grande diferença.

Comentários

ValeRico disse…
Parabéns, bela forma de visão da vida. Abraços.

Postagens mais visitadas deste blog

Crie sua própria realidade

PODEMOS AQUILO QUE QUEREMOS?